Festa da Rua de Baixo: 60 anos de memória, resistência e identidade negra

ciavozdaterra
8 de ago.
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✊Em meio às montanhas místicas de São Thomé das Letras, Rua Camilo Rios se transformou, nos dias 11 e 12 de julho de 2025, em um verdadeiro território de celebração, ancestralidade e resistência. A 60ª edição da Festa da Rua de Baixo não foi apenas uma comemoração — foi um manifesto vivo contra o apagamento da cultura negra, uma afirmação de identidade e uma resposta coletiva ao racismo estrutural que ainda permeia nossa sociedade.

A festa, organizada pelo Coletivo Festa da Rua de Baixo e o Ponto de Cultura Cia. Voz da Terra, reuniu mais de 10 mil pessoas em dois dias de intensa programação cultural. Mas o que torna esse evento tão especial não é apenas o número de participantes ou a diversidade das atrações. É o que ele representa: a continuidade de uma história que começou com os descendentes de pessoas escravizadas, que formaram os quilombos da Serra das Letras e mantiveram viva, geração após geração, a força da cultura afro-brasileira.

Sebastiana da Silva, uma das fundadoras e coordenadora geral da festa, sintetiza esse espírito com clareza e firmeza:

“Esta festa é um ato de resistência. Sua importância é vital para fortalecer as lutas contra o racismo e manter viva a memória e a cultura do povo preto em nossa sociedade. Celebrar a Festa da Rua de Baixo é reafirmar nossa identidade e combater o racismo com arte, tradição e ancestralidade.”

E é exatamente isso que se viu nas ruas: a arte como ferramenta de transformação. A culinária típica — broa de pau-a-pique, biscoitos e rosquinhas — preparada com afeto pelas mãos das cozinheiras da comunidade, não alimentou apenas o corpo, mas também a alma. Os encontros de Congadas, Folias de Reis, Capoeira e o cortejo dos Orixás com o grupo Afosé Vozes de Òrun trouxeram à tona a espiritualidade, a força e a beleza da cultura negra.

Valquíria Rosa, atriz, produtora cultural e presidente da Associação Voz da Terra, reforça a grande importância desse momento:

“A arte é, antes de tudo, um ato de resistência. E este ano, nós do Ponto de Cultura Cia. Voz da Terra, em parceria com o Coletivo Rua de Baixo, realizamos esta festa plural — um tributo à riqueza e à beleza da cultura do povo preto.”

A programação foi extensa e diversa, com apresentações musicais, oficinas, danças, cortejos e momentos de fé. Mas mais do que isso, foi um espaço de encontro, de escuta, de troca. Um lugar onde o passado se encontra com o presente para construir um futuro mais justo, mais consciente e mais plural.

A Festa da Rua de Baixo é, portanto, um símbolo. Um lembrete de que a cultura negra não apenas resiste — ela floresce. E que, mesmo diante das adversidades, há força, há beleza e há comunidade.

Com o coração cheio de alegria e gratidão, queremos agradecer a presença de cada um que fez da Festa da Rua de Baixo um momento inesquecível!

🎶 No sábado, vivemos momentos únicos: desde a benção que nos encheu de luz, à energia das crianças com Danila Ibiasi, à ancestralidade presente nos Ternos de Congada, ao sagrado Cortejo dos Orixás com o grupo Afosé Vozes de Òrun. E teve mais: causos encantadores, rodas de capoeira que balançaram o chão, shows vibrantes com Ventura Mina, Sistah Mari, MC Café e RZO, DJ Pikapau, Glen Arcoverde, Cabelinho da Lua, Tibilk… e muito mais!

🎵 No domingo, nosso espírito se conectou com as raízes sertanejas na Missa e Moda de Viola, com as Folias de Reis, o Terço de São Gonçalo emocionante, e o talento de artistas como Láloka, Claudinho de Oliveira, Portal do Samba, Forrólogia, Forró Gnomo, Johny Vianna e muito mais!!,… Uma festa com alma, coração e muita dança!

A Festa da Rua de Baixo é feita por todos nós, por cada pessoa que acredita no poder da cultura, do encontro e da alegria coletiva. Agradecemos imensamente aos artistas, às crianças, aos mais velhos, aos colaboradores, aos visitantes, e a cada um que contribuiu para essa celebração ser tão especial.

Seguimos juntos, com fé, memória e resistência — que venham muitas outras festas!