FRENTE A FRENTE - 2º Lugar Adolescente no XI Concurso de Contos Henrique José de Souza

FRENTE A FRENTE

Luis Guilherme Ribeiro Batista

De repente, sou posto em um quarto escuro cujo apenas o centro era iluminado por uma fraca luz. Fui me aproximando do ponto e pude ver meu reflexo a frente vindo a meu encontro.

Inicialmente pensei ser um espelho, porém o reflexo não parecia me acompanhar, mas sim me imitar. O que mais me espantava era os olhos negros que a figura possuía. Foi aí que notei... não era um reflexo, de fato, era pessoa com minha aparência! Sem êxito perguntei:

- Quem sois vós?

- Sou apenas você – Diz ele com o semblante frio.

- Como pode ser eu, se está me respondendo? Perguntei.

- Não sou o você que se vê no espelho, mas sim aquele que você reprime! Respondeu imediatamente.

Naquele momento fiquei sem argumentos, pois como argumentaria comigo mesmo? Respirei fundo e disse:

- Se você sou eu, sabes o porquê te reprimo?

Apenas com uma palavra numa voz sinistra:

- Medo...

Instantaneamente percebi que era o seu reprimido que escondia em meu interior devido ao medo de mim mesmo.

- Você me despreza por seu lado negativo, tenta me controlar de todo modo..., mas, não pode fugir de si! Sou o ódio e o rancor que te habita. Eu sou a sua culpa! Alega o outro.

Pondo-me frente a frente disse:

- Sabes então que traz o meu pior à tona, sendo isso meu pavor, aquele que não posso fugir... sendo assim apenas resta aceitar que não sois outra, e sim eu mesmo!

Num impulso corri a me abraçar aceitando de coração aberto que a culpa é minha e faz parte de quem eu sou. A culpa me abraçou de volta calando-se e fundindo-se a mim. Apesar de tudo, era apenas uma parte de mim na qual eu mesmo desconsiderava, para ser completo, aceitei a culpa e tornei-me um só com ela.