João Guimarães Rosa
- ciavozdaterra
- 26 de jun. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de jul. de 2023

Divulgação
“Eu quase que nada sei, mas desconfio de muita coisa”
João Guimarães Rosa
São Thomé das Letras tem como tônica exponencial a literatura. Assim sendo, a Companhia Teatral Voz da Terra, reverencia neste mês de junho, um dos maiores mestres da arte literária modernista de nosso país: João Guimarães Rosa.
Mineiro de Cordisburgo, Guimarães Rosa nasceu em 27 de junho de 1908 e faleceu em 19 de novembro de 1967, aos 59 anos, na cidade do Rio de Janeiro, apenas três dias após sua posse na Academia Brasileira de Letras.
Não seria exagero dizer, que o escritor de Sagarana, Corpo de Baile, Ave Palavra, Noites do Sertão, etc... é o William Shakespeare nacional, uma vez que, assim como o bardo inglês, Guimarães mergulhou com intensa profundidade, no torvelinho da alma humana. Trouxe à superfície, questões indecifráveis como a dicotomia do bem e do mal, a existência de Deus e do Diabo, o drama da velhice, da solidão, a dor da saudade, a plenitude do amor, a eterna fluidez da vida e o embaralhar de todas as emoções.
Em sua obra magistral Grande Sertão: Veredas, o sertão figura como o próprio cosmos e o homem inserido nele, com todas as suas idiossincrasias, parte do particular para o universal. Seus protagonistas são como cavaleiros andantes perdidos num mar de indagações metafísicas, no qual “algo” está sempre dentro de uma outra “coisa”, em princípio oposta, mas jamais conflitante. Na obra de Guimarães Rosa, o alpha e o ômega se tocam como na representação do Ouroboros (a serpente que morde a própria cauda), numa dança circular de vida, morte e renascimento - espiral em constante evolução.
É a polaridade dos extremos desnudada à nossa frente, na figura do jagunço que, de joelhos, ora pela santa protetora (“Óh! minha Nossa Senhora da Abadia”), enquanto extermina o inimigo desconhecido; ou, no procedimento da mulher, assassina do próprio marido, que, aos poucos, vai se tornando santa.
O paradoxo do viver elevado a enésima potência, é o que tanto nos fascina na obra roseana. Quem busca a lógica linear das coisas, há de se defrontar com a mais terrível frustração já que, como diz o escritor: “o correr da vida embrulha tudo. Viver é um rasgar-se e remendar-se”
A Cia. Voz da Terra, exterioriza assim sua admiração e orgulho, por ter como conterrâneo esta tão grande e nobre alma. Salve Guimarães Rosa!
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