O SILÊNCIO DA CHUVA - 1º Lugar Juvenil no XI Concurso de Contos Henrique José de Souza
- ciavozdaterra
- 25 de out. de 2024
- 1 min de leitura

O SILÊNCIO DA CHUVA
Por:
Miguel Fernando Ribeiro de Oliveira
Na cidade de pedras e memórias apagadas, Lucas sempre foi um homem de rotinas. Diariamente, ele cruzava a mesma praça, passava pelos mesmos bancos e tomava seu café na mesma esquina. Mas, naquela manhã, algo estava diferente: uma chuva fina caía, e o som das gotas parecia mais alto, mais nítido, como se cada gota trouxesse uma voz que ele ainda não conseguira ouvir.
Ao se abrigar sob uma árvore antiga, percebeu algo curioso: as gotas que caíam não apenas molhavam o chão, mas formavam palavras efêmeras na terra molhada. Frases como “memórias esquecidas”, “saudades perdidas” e “segredos ocultos” brotavam e desapareciam no mesmo instante.
Intrigado, Lucas seguiu as palavras que surgiam no chão, até que a chuva o guiou até uma velha casa abandonada, um lugar que ele havia esquecido por anos. Lá, na entrada, uma mensagem maior se formava com as gotas: “O que você deixou para trás? ”
Entrando, ele sentiu um frio profundo. A casa era um museu de seu passado, cheia de objetos e lembranças que ele havia tentado enterrar. A chuva escorria pelas paredes, trazendo de volta histórias que ele nunca quis enfrentar. Era como se o céu estivesse decidido a limpar sua alma da mesma forma que limpava as ruas.
Naquele momento, Lucas compreendeu que algumas lembranças, por mais dolorosas, precisam ser revisitadas para que possamos seguir em frente. Quando a tempestade cessou, ele saiu da casa com um novo olhar para o mundo, e uma paz que nunca havia sentido antes.
Comments